E lá se vai mais um dia e eu estou aqui em minha cadeira de área na varanda vendo as pessoas passaram aqui enfrente a minha casa essa já é a minha rotina há anos mais a cada ano que se passa essa rotina se torna menos produtiva, já sinto saudades do meu tempo de moço quando eu andava a capital inteira atrás de uma editora para publicar os meus trabalhos eram ridículos mais serviram de aprendizado para a minha carreira, às vezes eu nem presto atenção no tempo ou em que passa aqui em frente por que eu sempre fico me recordando das minhas façanhas e do que eu deixei de realizar, agora a minha única façanha é ir de manha toma café na padaria e ler as paginas do jornal matinal e às vezes eu até ouço um pouco de radio, eu me lembro como se fosse ontem as grandes filas para eu autografar as centenas de cópias do meu livro as mulheres que imploravam para passar a noite comigo os convites gratuitos para ver os consertos de teatro, às vezes eu sorrio com essas lembranças mais na maioria das vezes é as lagrimas que roubam a cena e eu não sei o que eu daria para reviver tudo isso outra vez, e quando eu me sinto assim eu coloco um disco do Tom Jobim na vitrola para acalmar meus nervos e assim lembrar as alegrias que eu tive nessa vida dos amores que conquistei, e hoje eu estou velho já não consigo escrever por causa do mal de Parkinson e minha cabeça já não pensa como antes acredito que hoje eu nem conseguiria escrever historias infantis, e hoje a minha única companheira é a minha empregada que fica comigo o dia todo uma mulher esforçada que era espancada pelo marido mais conseguiu se separar e dar a volta por cima, eu gosto dela como se fosse minha filha ela é tão atenciosa comigo que as vezes eu esqueço esse nosso vinculo de patrão e empregada, e hoje ela não vai poder vim por que foi ao dentista pobre mulher já quase não lhe resta os dentes mais como eu já não tenho parentes eu estou pagando seu tratamento dentário para ver um lindo sorriso em sua boca, o dia está tão pálido Tão deprimente minhas juntas já estão começando a doer então eu vou entrar em casa e fazer um chá e continuar olhando tudo pela janela, com o meu chá em mãos eu fico observando mundo jovem lá fora como tudo se modifica como a natureza trabalha perfeitamente e logo vai levar esse velho para junto de si debaixo da terra, às vezes como agora eu tenho algumas crises de choro e como todas as vezes que isso acontece eu subo para o segundo andar de casa onde fica o sótão, aqui eu guardo o vestido de casamento da minha finada mulher e uma velha pistola conteúdo só uma bala e todas as vezes que eu abro esse baú eu aponto ela para a minha cabeça e aperto do gatilho, então eu giro o tambor da pistola e coloco em minha boca e antes de eu apertar o gatilho eu sinto um calafrio passar pela minha espinha e depois disso ouço um estrondo muito alto.

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